domingo, 18 de março de 2012

Casal da van

Via de longe. Na mesma esquina, os mesmos corpos com os quais divido espaço diariamente na van. Ralentei os meus passos, na tentativa de testemunhar o reencontro. Imaginei, enquanto ele atravessava a rua, sua história. A história deles dois. Os pequenos fragmentos de carinho se amontoando. Ele atravessa. Olho discretamente para o que esperava na esquina do Rei do Mate. Agora mesmo olhando no relógio, já abrira um sorriso gigantesco. O corpo se transformando em gestos, à espera do outro. O abraço se espreguiçando, antecipando a síntese de um beijo que não acontece. Na mesma hora no mesmo lanche antes de irem para casa após um dia imaginado cheio de trabalho desgastante. A beleza e o inferno da rotina. O cultivo do afeto, da atenção, do cuidado. Do amor. Cada dia.